Não exibiremos Afronte em Israel.

Bruno Victor
2 min readNov 11, 2020

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Carta Aberta:

Prezados produtores do Festival de Telaviv, Queer Cinema for Palestine, Boycotte from Within e Creative Community for Peace (CCFP).

Inicialmente gostaríamos de agradecer pela seleção do Afronte, a nossa intenção ao realizar o filme era promover o debate sobre a comunidade LGBT racializada no Brasil, bem como construir ações de combate ao racismo e a LGBTfobia.

Acreditamos no cinema como possibilidade de ação política ao contar as histórias de opressões e demais vivências de LGBT+ racializados. Assim incluímos nossos posicionamentos para a além de um processo fílmico e ampliamos para possibilidades de diálogos que nos deslocam das nossas realidades e nos permitem ouvir vozes dissidentes pelo mundo.

Compreendendo o posicionamento e relatos por parte do Queer Cinema for Palestine e Boycotte from Within que representam um chamado de todo povo palestino contra as ações genocidas implementadas pelo Estado de Israel, gostaríamos de retirar nosso filme da programação TLVfest, como uma forma de manifestação contrária as ações de violação dos direitos humanos contra o povo palestino. Acreditamos na luta pela liberdade não só da comunidade LGBT, mas para todos.

Vivemos em um país que atualmente está alinhado com as políticas israelenses, referendando a opressão ao Estado palestino, por isso, como uma forma de nos posicionarmos tanto contra a opressão imposta por Israel, como contra as políticas genocídas do Estado brasileiro, resolvemos aderir a campanha de boicote.

Nossa ação não se limita a um boicote, mas sim em refletir e voltar nossas atenções para as informações que nos foram gentilmente compartilhadas.

Ao analisar o contexto brasileiro e o palestino concluímos ser importante ações que demonstrem o descontentamento mundial com as políticas genocidas que o Estado de Israel impõe ao povo palestino. Acreditamos que o festival precisa se posicionar publicamente contra essas políticas se desvinculando institucionalmente das políticas israelenses, visto que coloca-se como um apoiador da causa palestina. Da mesma forma, que compreendemos a importância que o Estado palestino promova ações concretas em relação aos direitos da população LGBTQIA+ palestina.

Entendemos que nossa ação não é um ato delimitador, mas sim um processo de abertura de diálogos onde estamos disponíveis para compreender as ações políticas que se propõem a lutar pelos direitos humanos por meio da arte.

Bruno Victor e Marcus Azevedo

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